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Almeirim: Bastinhas a reafirmar que 2023 vai ser o seu ano!

Miguel Alvarenga – Ia a tarde em ritmo de triunfos e com o público a vibrar naquele ambiente único de lotação esgotada (a primeira da temporada), quando o cornetim José Henriques deu o toque de saída para o quinto toiro da corrida, da ganadaria do Engº Jorge de Carvalho, o nº 77, com 470 quilos, para o cavaleiro Marcos Bastinhas (foto).

Ditam as leis, que nem sempre se cumprem, que não há quinto toiro mau – mas ontem houve. O exemplar do Engº Jorge de Carvalho surpreendeu pela negativa, num momento em que a ganadaria passa por um momento tão bom. Mas há sempre uma ovelha ranhosa – que não mancha o prestígio da divisa, mas chateia. E, lá está, os toiros são como os melões… só se vê se são bons ou maus depois de «abertos». Antes da corrida, o ilustre ganadeiro manifestara-me toda a sua confiança e expectativa de que o toiro ia sair bem, como tão bem saira a sua novilhada há dias na «Palha Blanco». Mas depois…

Bastinhas entrou em praça, cumprimentou o director de corrida e o público, apeou-se do cavalo e brindou na arena a Mara Pimenta, oferecendo-lhe um quadro. Depois, cavalgou até à porta dos currais e quase entrou por ali dentro, esperando o toiro. O público em suspenso.

O toiro saíu com pata, Marcos Bastinhas recebeu-o com a calmaria costumeira, a dobrar-se com ele no centro da arena, dando capotazos com o cavalo. Colocou-se, provocou-lhe a investida, esperou, deu todas as vantagens ao toiro e cravou um primeiro ferro comprido de grande nota. E outro igual. Mudou de cavalo e trouxe o magnífico «Caniceiro», assim denominado por ter o ferro da Herdade da Caniceira, um craque que pisa terrenos proibidos e dá o toque da emoção no sítio onde só vão os eleitos, no domínio e no limiar dessa linha de fogo onde a glória se pode confundir com a tragédia.

O toiro acabou-se depois dos dois ferros compridos. Manso perdido e de arrancadas perigosas, encostou-se às tábuas assim como quem diz «daqui não saio, daqui ninguém me tira». Faltou toiro, sobrou toureiro e sobrou cavalo.

A viver o melhor e mais sólido momento da sua carreira, super moralizado e muito bem montado, Bastinhas não se deu por vencido. «Queres guerra? Vais tê-la!», parece que disse ao toiro. E o que poderia ter sido, com um oponente daqueles, uma lide sem história, foi, mercê da entrega, da raça, da ousadia e irreverência com que Marcos jogou a vida e «se deu à morte», atirando-se com temerária decisão «para cima do toiro», a grande e mais emotiva lide da tarde de ontem em Almeirim.

Pôs só dois ferros curtos, e a mais não era obrigado com um mansote daqueles – mas foram os ferros da tarde. Veio lá de longe, directo ao toiro fechado em tábuas, entrou por ele dentro e deixou um ferro do outro mundo, quase sem ter por onde sair. O público explodiu, pôs-se de pé. E o toiro procurou refúgio de novo nas tábuas, por baixo do director de corrida. E ali ficou, à espera que voltasse Bastinhas.

Sem intervenção dos seus bandarilheiros, procurou o cavaleiro tirar o toiro da crença, mas ele voltou a não lhe ligar, permanecendo nos terrenos que elegera para fugir à luta e à provocação do adversário. E Bastinhas voltou a atacar. Voltou a inventar toiro, voltou a dizer que os lida a todos e que para ele não há toiros maus – como não os havia para seu Pai.

E foi mais um ferro de partir corações, foi mais uma explosão do público, a praça de pé, um alvoroço nas bancadas. Bastinhas saltou do cavalo, o público continuava a aplaudir, um ambiente de euforia total.

Resumindo e concluindo: como já o dissera uma semana antes em Vila Franca, Marcos Bastinhas reafirmou ontem em Almeirim que veio este ano decidido a marcar a temporada e a apertar forte com os companheiros da fila da frente – onde já tinha o seu lugar conquistado. Onde ele estiver, o público vai querer estar também.

Lide curta e esforçada, quatro ferros apenas e tantas emoções vividas e sentidas naquele tão breve espaço de tempo. Tão glorioso, tão triunfal. Tarde apoteótica do novo Bastinhas. Quantas alegrias não se sentiram ontem nos Céus!

Volta à arena com o forcado Caetano Gallego, de Santarém. E depois, chamada especial ao meio da praça, sózinho, com as flores, o sorriso estampado no rosto, os olhos postos no Céu. Apoteose total! Grande Marcos! A deixar antever, sem dúvida alguma, que 2023 vai ser o seu ano!

A corrida, aliás, decorrera até ali em ritmo triunfal – quer para os cavaleiros, quer para os forcados (como anteriormente já aqui referi em pormenor). E sob o signo de um ambiente à maneira a antiga, Almeirim de novo no topo, a fazer lembrar os tempos de glória da gestão desse trio que ninguém esquece: Carlos Gomes, Manuel João Maurício e Carlos Ferreira.

Mara Pimenta tivera uma limpa e triunfal alternativa, cheia de emoções e com o público da sua terra a acarinhá-la e a dar-lhe ânimo, lidando com arte e bom gosto um exemplar de nota alta da ganadaria Passanha, nº 2, com 510 quilos. O primeiro dia do resto da sua vida resultou em cheio, a jovem cavaleiro não acusou o peso da praça esgotada e da prova/efeméride que ali viveu, nem a força e a importância das figuras que a acompanhavam neste bem rematado e atractivo cartel que Rui Bento montou, sem se livrar de algumas dores de cabeça nas semanas anteriores, quando lhe quiseram «dinamitar» esta corrida (e, sobretudo, prejudicar a Santa Casa) anunciando a montagem de um festejo na véspera ali bem próximo, que acabou por ficar em águas de bacalhau…

Com o bonito toiro de Santa Maria, de cabeça imponente e que teve comportamento alto, Luis Rouxinol abriu o livro e deu lição de maestria numa lide vibrante e à sua maneira, sempre bem, sempre a dar a cara como se fosse o primeiro dia, com o cavalo «Douro» bregou e cravou com a perfeição costumeira, como se aquilo fosse coisa fácil. Sempre enorme, sempre em alta!

Era bonito, de apresentação irrepreensível, e foi bravo, o toiro da ganadaria (espanhola) Condessa de Sobral, uma estampa que venceu o prémio de bravura no concurso de ontem e que coube a Ana Batista. A toureira de Salvaterra esteve brilhante, galvanizou o público com ferros de muita verdade e grande emoção, com o cavalo que tem o ferro de Pablo Hermoso e é um craque que veio trazer uma história nova à carreira já história desta grande cavaleira. Lide empolgante e séria com um toiro que o não foi menos. Triunfo importante – e marcante – de Ana Batista.

João Moura Jr. enfrentou, com a genialidade de sempre, o maior toiro da tarde, o da ganadaria Prudêncio (590 quilos), bravo e que foi o vencedor do prémio de apresentação com todo o merecimento e sem discussão. Lidou-o «à Moura», com destemidos e arrepiantes ladeios, brega impecável e ferros de nota elevadíssima, a vencer o piton contrário, a entrar nos terrenos da verdade, reafirmando a solidez e a tranquilidade que são hoje apanágios de um toureiro maduro, confiante e que continua a marcar a diferença.

E depois da apoteose de Bastinhas, fechou praça Francisco Palha – que não fez caso do sucesso empolgante do companheiro e amigo, alcançando também ele um êxito memorável com uma daquelas lides «à Palhinha» onde tudo pode acontecer. E aconteceu. O toiro de Varela Crujo não tinha investidas francas, arreava e exigia, não era para brincadeiras. Sério, exigente e com teclas, a pedir contas. Palha esteve à altura, arrepiou nos terrenos que pisou, valente e atrevido como sempre, numa lide a todos os títulos brilhante e de nível muito alto, com ferros emotivos de levantar o público.

Bem os bandarilheiros das quadrilhas dos seis cavaleiros, a receber e a bregar, colocando bem os toiros para os forcados, frente a toiros que pediam toureiros experientes pela frente – e eles estiveram lá. Uma referência especial a Fábio Machado (da equipa de Ana Batista), por ter sido esta, depois do festival de Vila Franca, a primeira corrida que marcou o seu regresso às arenas depois de seis anos afastado – com a arte de sempre.

Aplausos para «Parrita» e «Belmonte» (de Mara Pimenta), João Bretes e Ricardo Alves (Rouxinol), para o já referido Fábio Machado e Pedro Paulino (Ana Batista), João Ganhão e Benito Moura (Moura Jr.), Gonçalo Veloso e João Oliveira (Bastinhas) e Diogo Malafaia e Jorge Alegrias (Palha). Como nos tempos antigos, Portugal tem hoje outra vez um naipe notável de grandes e bons bandarilheiros.

Todos os cavaleiros brindaram ontem a Mara Pimenta, (Palha brindou também a Ana Batista, dedicando a lide às duas presenças femininas do cartel), assim como os dois grupos de forcados, Santarém e Coruche, nas suas primeiras pegas. A segunda pega do Grupo de Coruche foi dedicada ao recordado cavaleiro Fernando de Andrade Salgueiro e a última dos Amadores de Santarém a José Lobo de Carvalho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Almeirim. 

A corrida foi muito bem dirigida por José Soares, um diligente director de corrida a quem nunca há nada a apontar, antes pelo contrário, que esteve ontem assessorado pelo competente médico veterinário José Luis da Cruz, destacando-se José Henriques, como sempre, com a arte dos seus toques de cornetim.

Uma palavra final para aplaudir Rui Bento e a Santa Casa por esta magnífica organização que permitiu angariar uma verba superior a 48 mil euros para as obras sociais da instituição. E, além disso, foi uma corrida que marcou este arranque de temporada e recolocou em definitivo a Monumental de Almeirim, outra vez, num patamar altíssimo no nosso panorama taurino. Venha Setembro e a Corrida das Vindimas!

Foto M. Alvarenga

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