Miguel Alvarenga – Fundado em 1971 pelo saudoso João Costa Pereira, seu primeiro cabo, e desde 2016 capitaneado por José Macedo Tomás (décimo cabo, que sucedeu a Amorim Ribeiro Lopes, que o comandava desde 2001), o Grupo de Forcados Amadores de Coruche é hoje um dos primeiros do país, com belíssimos e consagrados forcados de cara (viu-se ontem) e um conjunto homogéneo e brilhante de elementos a ajudar com eficiência e coesão na consumação das pegas.
Esta temporada, o Grupo aceitou o desafio lançado pela nova empresa Toiros com Arte e pega sózinho nas três corridas do ano em Coruche: a primeira encerrona foi ontem, com toiros de São Torcato; e seguem-se mais dois duros compromissos, os Veiga Texeira a 24 de Junho e os Silvas a 17 de Agosto.
Por um lado, tratou-se de uma opção oportuna e inteligente dos novos empresários, depois dos encontros e desencontros que culminaram com a não contratação dos Ribeiro Telles, os toureiros da terra (António, António filho e João), para que não fossem completamente hostilizados pela aficion coruchense. Assim, os aficionados locais não têm os seus cavaleiros, mas têm nas três corridas os seus forcados em solitário.
Relativamente ao Grupo, pode ser bom e pode também ser mau, ou, pelo menos, não ser assim tão bom. Pode acabar por ser – e sê-lo-à certamente – uma temporada de glória na sua praça. Mas pode também ter efeitos negativos, nomeadamente para aqueles que interpretam esta «solidão» nas três corridas como um fechar de portas a outros grupos de forcados na sua praça.
Bom ou mau, será seguramente diferente. E a Festa precisa de coisas diferentes. Valha-nos isso – e interpretemos as três encerronas pelo prisma positivo e sem negativismos.
Ontem, os toiros de São Torcato dificultaram muito pouco a vida aos valentes forcados coruchenses. Ao contrário da noite trágica de 2019, ninguém se magoou, felizmente, e as seis pegas foram concretizadas, mais derrotes, menos derrotes, sem problemas de maior. Foi uma tarde fácil para os forcados, sem ter atingido propriamente os patamares de uma tarde gloriosa.
Afonso Freitas pegou à primeira o primeiro São Torcato da corrida, pequeno, quase insignificante, que foi direito pelo seu caminho, sem complicar minimamente.
A segunda pega foi consumada por Martim Tomás ao terceiro intento, depois de fortemente derrotado nas duas primeiras intervenções.
Tiago Gonçalves pegou o terceiro à primeira, uma pega emotiva e de valor, em que aguentou estoicamente a carga do toiro até os companheiros chegarem e ajudarem na perfeição.
A quarta pega, emotiva e brilhante, teve na cara do toiro o valoroso António Tomás, que se fechou com decisão. O cabo José Tomás, seu irmão, que dava primeiras ajudas, levou com o pé do mano mesmo em cheio na cara e caíu por terra (bem visível nas fotos de baixo), felizmente sem se magoar. Pega brindada ao cavaleiro Miguel Moura, que momentos antes perdera ali na arena o seu cavalo «Xarope», vítima de ataque cardíaco fulminante.
David Canejo, jovem forcado do grupo já com provas dadas, brindou aos novos empresários e pegou o quinto toiro de São Torcato à terceira tentativa, depois de dois brutais derrotes altos nas primeiras.
O sexto e último toiro, o único que espelhou verdadeiramente a imagem e o comportamento, a seriedade e a transmissão dos São Torcatos antigos, foi brilhantemente pegado, com raça e valor, por João Formigo, que concretizou a pega ao primeiro intento, depois de brindar ao presidente da Câmara, Francisco Silvestre Oliveira, agradecendo ao autarca todo o apoio que tem dado à Festa.
Fique agora com as sequências das seis pegas desta primeira encerrona dos Amadores de Coruche na sua praça.
Fotos M. Alvarenga
Afonso Freitas na primeira pega ao primeiro intento
Martim Tomás pegou o segundo toiro à terceira tentativa
Tiago Gonçalves fez a terceira pega à primeira
Grande pega de António Tomás ao quarto toiro, à primeira
David Canejo pegou o quinto toiro ao terceiro intento
Sexto toiro: rija pega de João Formigo ao «mais S. Torcato»
dos seis toiros da corrida
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