Miguel Alvarenga – Foram duros de roer e deram «sopa de corno» aos Forcados os toiros brancos de Canas Vigouroux que ontem trouxeram emoção e arrepios ao público que assistia à corrida nocturna, terceira da temporada, na emblemática e acolhedora Monumental do Montijo, com as bancadas muito bem preenchidas.
Todos com pesos acima dos 500 quilos, um deles, o quinto, a rondar os 600 (595) – que além de branco, como os restantes (jabonero, melhor dizendo), se chamava «Cara-Branca» e proporcionou ao grande e experiente Carlos Dias, dos Amadores de Cascais (na foto de cima), a grande pega da corrida! -, os toiros do prestigiado ganadeiro Pedro Canas Vigouroux evidenciaram invejável trapio, grande presença, tiveram comportamento de bravos na generalidade dos casos; em suma, tinham transmissão (imensa!) e deram muita emoção e muita verdade ao espectáculo. Assim, sim, vale a pena ir aos toiros!
A pedir contas aos cavaleiros, os toiros brancos arrancaram-se para os forcados «para não deixar nada de pé», com a força e a violência de um comboio, derrotando, dificultando, como que a recusarem ser pegados…
Valeu a valentia e o pundonor dos valorosos elementos dos três grupos de forcados actuantes – Tertúlia Tauromáquica do Montijo, Cascais e Monforte -, não havendo, felizmente, a registar feridos graves, apenas um forcado do grupo anfitrião que recolheu à enfermaria de maca e posteriormente foi observado no hospital, não tendo sofrido, ao que sabemos, nenhuma lesão grave.
Pelos Amadores da Tertúlia do Montijo, grupo capitaneado por Luis Carrilho, pegaram Pedro Tavares ao segundo intento, depois de violentamente derrotado na primeira intervenção; e João Paulo Marques (quarto toiro) na sua primeira intervenção, depois de duas duras tentativas de Diogo Filipe, que acabou por sair da arena lesionado e de maca, queixando-se de dores numa perna.
Pelo Grupo de Cascais, comandado por Paulo Loução, foram caras Afonso Cruz, numa rijíssima pega estoicamente concretizada à quarta tentativa (o director de corrida autorizou mesmo assim a volta à arena, mas o forcado não a quis dar). À terceira quase que foi de vez, o toiro caiu e desarmou o grupo, tendo Afonso Cruz saído da cara e voltado a colocar-se, mas repetiu e à quarta finalmente concretizou; e o grande e experiente Carlos Dias, forcado de antes quebrar que torcer, forcado de alma e sentimento, de raça e muita técnica, que sofreu violento derrote na primeira tentativa e acabou depois por realizar à segunda, com uma primeira ajuda brilhante de Paulo Paulino (que o acompanhou na volta), aquela que foi, indiscutivelmente, a grande pega da noite. No final, forcado e ajuda deram volta à arena com os Mouras e ainda outra sózinhos, com o público de pé a aplaudi-los. Carlos Dias brindou a sua grande pega aos ex-cabos José Luis e Joel Zambujeira.
Pelos Amadores de Monforte foram caras o cabo Nuno Toureiro, forcado de eleição e méritos consagrados, que consumou ao segundo intento bem ajudado pelos companheiros (brindou aos céus, muito provavelmente à memória do forcado Cláudio Pereira, do Real Grupo de Moura, recentemente falecido e por quem nesta noite se guardou ao início da corrida um minuto de silêncio); e Gonçalo Parreira, no sexto e último toiro, na única pega concretizada à primeira tentativa.
Os três grupos receberam calorosas ovações do público no final da corrida.
Fique agora com as sequências das seis duras pegas aos toiros brancos de Canas Vigouroux.
Mais logo, veja os Momentos de Glória dos cavaleiros João Moura, Luis Rouxinol, João Moura Jr. e Luis Rouxinol Jr. e as lides a duo de pais e filhos: E amanhã, domingo, não perca as fotos dos Famosos na nocturna de ontem na Monumental do Montijo.
Fotos M. Alvarenga
O grupo anfitrião da Tertúlia Tauromáquica do Montijo
Forcados Amadores de Cascais nas cortesias
Grupo de Monforte: a entrada nas cortesias
Pedro Tavares (Tertúlia do Montijo) na primeira pega da noite,
ao segundo intento, a um toiro de 505 quilos
Segunda pega a outro toiro branco de Vigouroux com 565 quilos
foi consumada à quarta por Afonso Cruz (Grupo de Cascais)
O consagrado Nuno Toureiro, cabo do GFA de Monforte, pegou
o terceiro toiro (545 quilos) ao segundo intento
Diogo Filipe (Tertúlia do Montijo) foi duas vezes à cara do quarto
toiro (510 quilos) e saíu de maca, felizmente sem lesões graves.
Foi dobrado por João Paulo Marques, que consumou à primeira
(terceira tentativa efectiva)
Carlos Dias, grande forcado do Grupo de Cascais, fez à segunda
tentativa a grande pega da noite ao toiro mais pesado da corrida
(595 quilos) com uma primeira ajuda monumental de Paulo
Paulino, dando ambos volta à arena com os Moura e outra sós
Pega ao último toiro (565 quilos) foi consumada por Gonçalo
Parreira (Monforte), sendo a única da corrida concretizada
à primeira. Forcado deu volta com os Rouxinóis e a ganadeira
Maria Canas Vigouroux
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