Miguel Alvarenga – A corrida de ontem na praça de Salvaterra de Magos foi, como já anteriormente tive oportunidade de referir, uma grande tarde de toiros – e de toureiros. Com triunfos e momentos importantes protagonizados em seis toiros de distintas ganadarias (concurso ganho pelos exemplares de Dr. António Silva e Engº Jorge de Carvalho, a quem foram outorgados, respectivamente, os prémios de bravura e apresentação) pelos consagrados cavaleiros Luis Rouxinol, Ana Batista e Marcos Bastinhas – os três em tarde de muita entrega e bonita inspiração.
Mas foi também uma tarde de grandes – e sérios – toiros; e de gloriosos forcados. Aplausos para os Amadores do Ribatejo nesta sua audaciosa «encerrona» com toiros dos que põe «tudo no seu lugar» – e aplausos, em particular, para esse forcado enorme que é Pedro Espinheira, que ontem disse adeus às arenas e passou o comando do grupo para as mãos de Rafael Costa. Na presença de um punhado de antigas glórias que se voltaram a fardar em tarde de muito simbolismo para o grupo e para todos aqueles que honraram a sua jaqueta de ramagens ao longo de anos e anos.
Na cara do primeiro toiro, do Engº Jorge de Carvalho, esteve o experiente André Laranjinha, que consumou a pega ao terceiro intento, depois de brutais derrotes nas duas primeiras tentativas. Muito bem ajudado pelos companheiros, acabou por concretizar à terceira, mas o director de corrida Fábio Costa, mesmo assim, concedeu-lhe o direito de dar volta à arena.
Outro forcado consagrado, Fábio Casinhas, saltou à arena para pegar o segundo toiro, da ganadaria de João Ramalho, brindando a pega a Rui Souto Barreiros, glória dos forcados e antigo cabo deste grupo, que foi reconhecido pelos aficionados e alvo de carinhosa ovação. Bem a recuar, templando a investida do toiro, Fábio fechou-se com decisão, foi bem ajudado pelos companheiros e a pega ficou feita ao primeiro intento.
Na hora da despedida, Pedro Espinheira emocionou-se no brinde que fez a todos os forcados do seu grupo e depois fez questão de também dedicar a sua última pega a seu pai, o antigo e recordado forcado José Espinheira, protagonizando outro momento de emoção na praça de Salvaterra.
Na hora do adeus, como ao longo da sua brilhante carreira, Pedro não quis comodidade, nem coisas facilitadas. Despediu-se com o duro e bravo toiro da ganadaria do Dr. António Silva, confirmando que se vai embora num momento de muito esplendor, com o poderio e a raça de todos os tempos.
Citou de praça a praça, deu ao toiro toda a vantagem, recuou com saber e fechou-se com a vontade e a técnica dos eleitos, muito bem ajudado por João Pedro Branco, que o acompanhou depois na última volta à arena com o cavaleiro Marcos Bastinhas.
Depois, no centro da arena, despiu a jaqueta e entregou-se ao novo cabo Rafael Costa, passando assim o testemunho e entregando-lhe o Grupo do Ribatejo num momento alto. Emocionado, deu a derradeira volta à arena com a grandeza, a humildade e a simplicidade que sempre o caracterizaram – sem ir aos ombros, pelo seu pé, na frente de um pelotão de muitas glórias.
Pedro Espinheira recebeu depois lembranças dos novos gestores da praça de Salvaterra e do público recebeu uma última e calorosa ovação. Adeus, Forcado!
O quarto toiro, o «sobrero» da ganadaria do Engº Jorge de Carvalho (que substituiu o bonito e promissor exemplar de Canas Vigouroux saído em primeiro lugar e que foi recolhido por se apresentar congestionado), foi brilhantemente pegado à primeira tentativa pelo novo cabo Rafael Costa, que brindou ao seu antecessor.
Dário Silva foi o forcado eleito pelo novo cabo para pegar o quinto toiro, da ganadaria Prudêncio, que o derrotou com violência na primeira tentativa, acabando por concretizar à segunda uma dura pega em que o toiro se desviou do grupo e ele aguentou praticamente sózinho, e até os companheiros chegarem, os derrotes do poderoso oponente.
Por fim, o toiro de Ribeiro Telles foi pegado à primeira por Ricardo Regueira, que desta feita fechou com chave de ouro uma grande tarde dos Forcados Amadores do Ribatejo.
Ficam as fotos das sequências das seis pegas – e mais logo não perca os melhores momentos das lides de Luis Rouxinol, Ana Batista e Marcos Bastinhas.
Fotos M. Alvarenga
Muitos veteranos de novo fardados pelo simbolismo da mudança
de cabo
Primeira pega, ao toiro do Engº Jorge de Carvalho, consumada
à terceira tentativa por André Laranjinha
Fábio Casinhas pegou ao primeiro intento, com brilhantismo,
o segundo toiro, da ganadaria de João Ramalho
Despedida: a última pega de Pedro Espinheira e os momentos
emotivos da passagem de testemunho. Sem comodismos,
pegou o duro e bravo toiro de Dr. António Silva
O novo cabo Rafael Costa na pega, à primeira, ao quarto toiro
da corrida, o «sobrero» do Engº Jorge de Carvalho
A rija pega de Dário Silva, ao segundo intento, ao quinto toiro
da corrida, da ganadaria Casa Prudêncio
Grupo fechou com chave de ouro com a pega de Ricardo Regueira
ao toiro de Ribeiro Telles, à primeira tentativa
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