Miguel Alvarenga – Sem papas na língua, com a frontalidade e a coragem que foram sempre apanágios do seu percurso político, Pedro Santana Lopes, ainda e sempre um dos mais carismáticos políticos nacionais, considerou hoje durante a sua muito lúcida intervenção no almoço do International Club of Portugal, que teve por título «Portugal e os desafios que aí vêm», que, «se tiver que ser», o PSD não tem que se envergonhar de fazer um acordo com o Chega para governar, caso ganhe as próximas legislativas em Outubro de 2026 – isto, frisou, no caso de a actual legislatura chegar ao fim, cenário em que, «pelo desgaste» do actual Governo, não acredita.
Deixando claro que não se revê em muitas das posições do partido de André Ventura – «que foi militante do PSD e até me apoiou numa candidatura minha», recordou -, nomeadamente na que diz respeito aos ciganos, Santana Lopes disse que o «incomodava muito mais» ver o PS fazer acordos com o PCP, «que nunca se desligou da ditadura e nunca apagou do seu programa a ditadura do proletariado», e com o Bloco de Esquerda, partidos que, sublinhou, «apoiam a invasão da Ucrânia pela Rússia de Putin».
Não se chegando propriamente ao Chega, nem de perto, nem de longe, o antigo primeiro-ministro e actual presidente da Câmara da Figueira da Foz, disse que «já é tempo de acabar de vez com esse tabu» e que o PSD, se precisar do partido de Ventura e da Iniciativa Liberal, terá obrigatoriamente de chegar a acordo com esses dois partidos.
Pedro Santana Lopes disse também durante a sua brilhante intervenção que «espera e gostaria muito» que o CDS voltasse à ribalta.
O delfim de Francisco Sá Carneiro, que recordou com emoção e referenciou como «o único ídolo» que teve e continua a ter, passou depois ao largo de uma possível candidatura a Belém quando o presidente do International Clube, Manuel Ramalho, o abordou nesse sentido, referindo que «já exerceu todos os cargos, menos um», referindo-se claramente ao de Presidente da República.
Santana Lopes elogiou a forma «diferente de todos» com que Marcelo Rebelo de Sousa tem exercido o mais alto cargo da Nação e disse mesmo que «não será fácil para ninguém ser PR depois dele».
Antes do discurso e enquanto decorria o almoço, com dois membros do mundo tauromáquico na mesa de honra, o autor destas linhas e o empresário e antigo matador de toiros Rui Bento, Pedro Santana Lopes reafirmou o seu gosto pela Festa Brava – que todos reconhecemos (e agradecemos) desde que exerceu o cargo de secretário de Estado da Cultura e muito apoiou a arte tauromáquica, chegando, inclusivamente, a abrir uma excepção e a autorizar a intervenção de picadores espanhóis em mais do que uma corrida do toureiro Pedrito de Portugal.
O conhecido José Caetano Pestana, seu ex-assessor na Câmara de Lisboa e também aficionado de solera, abordou Santana Lopes (em privado, durante o almoço, não no período de perguntas e respostas) sobre a possibilidade de o matador espanhol Morante de la Puebla tourear seis toiros na praça da Figueira da Foz, «seria um grande acontecimento», disse, lançando a ideia.
«Mas para isso terá que falar com Luis Miguel Pombeiro, que é o empresário da praça de toiros da Figueira» – lembrou Rui Bento.
«E também se poderia fazer uma corrida com os Mouras e também com o Moura Caetano, que assim até vinha a Luciana Abreu!» – gracejou Santana Lopes. E ainda disse mais: «E depois lá roubavam mais umas fotos do Miguel Alvarenga…», numa clara alusão ao que ontem aqui escrevi sobre o facto de o «Correio da Manhã» – jornal de que, por acaso, Santana Lopes é colaborador, bem como da CMTV – andar a torto e a direito a utilizar uma foto de minha autoria… sem nunca ter pedido autorização.
«Vou lendo… vou lendo o ‘Farpas’ todos os dias» – referiu depois o presidente da Câmara da Figueira da Foz.
Ainda durante o beberete inicial, antes do almoço, outro episódio engraçado: estava presente o famoso repórter fotográfico Augusto Abel Dias (uma referência de há muitos anos da nossa imprensa social) e, ao cumprimentá-lo, Santana Lopes atirou esta: «Ora viva, como está o homem da fita?».
Explicamos: há muitos anos, foi Abel Dias quem fotografou o antigo primeiro-ministro com um colar de flores de papel ao pescoço e uma fita colorida na cabeça, durante um célebre cruzeiro a Tânger. A foto correu as revistas e os jornais nacionais e chegou mesmo a ter eco em publicações internacionais, sendo depois essa a imagem do boneco de Santana no programa satírico televisivo «Contra Informação».
Presentes neste almoço do dinâmico e muito prestigiado International Club of Portugal, que hoje se realizou no Lisboa Marriot Hotel (antigo Penta) muitas figuras do mundo empresarial e político, entre os quais o antigo ministro e ex-candidato à presidência do Benfica, Rui Gomes da Silva; o ex-secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier; Nunes Liberato, antigo chefe de Gabinete de Durão Barroso; o médico Manuel Pinto Coelho; o jornalista Manuel Falcão; Pedro Baltazar e João Pessoa e Costa, ex-dirigentes do Sporting; o ex-deputado europeu Paulo Sande e também antigo dirigente do partido Aliança, com o qual Santana Lopes sofreu um aparatoso acidente na auto-estrada durante a campanha eleitoral; Nuno Mocinha, ex-presidente da Câmara de Elvas; Miguel Mattos Chaves, ex-candidato à presidência do CDS; e muitos mais.
Diogo Agostinho, jovem membro do International Club, apresentado por Manuel Ramalho como um dos grandes amigos de Santana Lopes, foi quem, em breves palavras, fez hoje a apresentação do orador, passando em revista o seu conhecido percurso político e referindo os muitos cargos que ocupou ao longo dos anos.
O próximo evento do International Clube of Portugal será de hoje a uma semana, quarta-feira 29 de Março, também no Lisboa Marriot Hotel, tendo desta vez como convidado e orador o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, que falará sobre «Juventude e Desporto/2023».
O presidente Manuel Ramalho anunciou também, entre outros próximos eventos, o jantar de homenagem a António Saraiva, Presidente da CIP, que vai ter lugar no Sheraton Lisboa Hotel no próximo dia 13 de Abril.
Fotos International Club of Portugal e D.R.
Um aspecto de mesa de honra; e, em baixo, Rui Bento e Miguel
Alvarenga, que voltaram hoje a ser os representantes do mundo
tauromáquico no almoço do International Club of Portugal
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