Manuel Dias Gomes: o triunfo da arte e do temple ontem em Sobral de Monte Agraço

O matador de toiros Manuel Dias Gomes deu ontem no festival de Sobral de Monte Agraço, frente a um novilho de nota alta de Falé Filipe, um recital de arte, de temple e de bom gosto, enchendo as medidas aos aficionados (meia casa forte) e sagrando-se máximo triunfador da tarde, dando um importante impulso ao toureio a pé e deixando enorme ambiente para a sua próxima apresentação na corrida de quinta-feira de Ascensão na Chamusca, onde actuará como único espada ao lado dos cavaleiros António Ribeiro Telles e João Moura Júnior.

Muito bem com o capote, deixando o perfume do seu temple sevilhano, Manuel Dias Gomes empolgou depois o público numa pausada e bonita faena com a muleta, pautada pela suavidade, pelo mando e pela arte.

Foi, no que ao toureio a pé disse respeito, a nota alta do festival de Sobral de Monte Abraço, onde o matador espanhol Uceda Leal esteve esforçado e empenhado sem matéria prima para poder brilhar e o novilheiro Gonçalo Alves se mostrou aprumado e aguerrido (sofreu aparatosa colhida a bandarilhar, felizmente sem consequências), mas também não teve pela frente um novilho que lhe permitisse alcançar o trunfo sonhado. À excepção do lidado por Dias Gomes, os novilhos-toiros de Falé Filipe não permitiram maior luzimento aos referidos diestros. Foi pena, porque ambos demostraram decisão e estiveram ali a dar o seu melhor.

Melhor qualidade tiveram os novilhos da mesma ganadaria lidados a cavalo.

João Moura Caetano alcançou um triunfo notável frente ao único novilho que não era de Falé Filipe, mas da sua própria ganadaria, Irmãos Moura Caetano; Manuel Telles Bastos deixou a marca da sua classe e da sua interpretação clássica; Joaquim Brito Paes também se destacou com uma lide emotiva e de alto nível; e o praticante Diogo Oliveira chegou ao público com o seu toureio arrojado e a arte que tem de contagiar a assistência.

Pegaram os forcados de Lisboa (Pedro Félix e Duarte Nascimento, ambos ao primeiro intento) e os Académicos de Elvas (Paulo Ganhão à terceira e Francisco Rosado à primeira).

O festival – de que seguir publicaremos uma foto-reportagem de Fernando Clemente), comemorativo dos 25 anos da Tertúlia Tauromáquica Sobralense, foi bem dirigido por João Cantinho, que esteve assessorado pelo médico veterinário Jorge Moreira da Silva. Ao início, guardou-se um minuto de silêncio em memória do embolador Manuel Patrício, recentemente falecido.

Foto Fernando Clemente/www.parartemplarmandar.com

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