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8 mayo 2024

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Triunfo (amargo) de Miguel Moura ontem em Coruche

Miguel Alvarenga – Na ainda não esquecida noite de 6 de Julho de 2019, os toiros da ganadaria São Torcato semearam o terror numa jornada trágica nesta mesma arena de Coruche. O cavalo «Xeque-Mate» de João Moura Jr. morreu (teve que ser abatido depois de sofrer uma colhida fatal), o cavaleiro foi assistido no Hospital de Santarém, Ana Batista (também colhida) passou igualmente pelo mesmo hospital e dois forcados do Aposento da Moita (João Ventura e Luis Fera) também se lesionaram com alguma gravidade. 

Em nome dessa noite de desgraça para o toureio nacional, procurando tirar partido da volta dos toiros da mesma ganadaria àquela arena, toda a promoção da corrida de ontem se baseou no regresso dos toiros de São Torcato à Monumental do Sorraia – campanha de marketing oportuna e inteligente, mas que acabou por não surtir um grande efeito (felizmente para os toureiros e os forcados) e nem sequer foi muito convincente para atrair público às bancadas da praça. O sector 7, coberto por uma tarja gigantesca publicitando a nova empresa gestora do tauródromo, a Toiros com Arte, estava praticamente interditado ao público, alojando apenas meia dúzia de espectadores e a banda de música (foto de baixo).

Ficou apenas preenchido pouco mais de um terço da lotação, não chegando à (esperada) meia casa, o que deu pouco ambiente ao espectáculo. No ano passado, nesta mesma data e com um cartel mais atractivo (mano-a-mano Rui Fernandes/João Telles), o público também não ocorreu à praça – o que deverá levar os empresários a rever a situação e, muito provavelmente, a suprimir esta data de Maio ou a realizar esta corrida noutra ocasião. Está comprovado que em Maio o público de Coruche não vai à sua praça. Coisas que não se explicam, mas que acontecem…

Quanto aos São Torcato, regressaram de facto a Coruche. Mas voltaram regenerados, assim como os mauzões dos Irmãos Dalton quando se tornaram bonzinhos num dos álbuns do Lucky Luke…

De apresentação aceitável, exceptuando o primeiro (sem trapio e sem força, a cair), os toiros do ganadeiro Joaquim Alves foram normalíssimos, sem nenhuma dose de terror, serviram, não complicaram, andaram pelo seu caminho. Não assustaram ninguém e, graças a Deus, também não aleijaram nenhum interveniente. Por outras palavras, a montanha acabou por parir um rato…

Desta vez, infelizmente, a única coisa fora do normal que aconteceu na arena de Coruche foi a morte do cavalo «Xarope» de Miguel Moura, incidente ocorrido em plena arena e no momento em que recolhia ao pátio de quadrilhas depois de o cavaleiro ter cravado os dois primeiros ferros compridos no terceiro toiro da tarde.

Por ironia do destino, o cavalo caíu morto exactamente no mesmo local onde em 2019 sofreu a colhida fatal o cavalo «Xeque-Mate» de seu irmão João. Dizem que não há coincidências, mas às vezes…

O primeiro toiro foi insignificante pela pequenez, pela escassez de força; o segundo serviu, sem complicar minimamente; o terceiro, recolhido depois de dois ferros para que se pudesse retirar da arena o cavalo de Miguel Moura que morreu, voltou à praça já com alguma crença nos terrenos de tábuas; o quarto foi meio complicado, com investidas pouco claras; o quinto foi um toiro colaborante, mas que veio a menos; e o sexto, esse sim, foi bravo e foi o único verdadeiro herdeiro dos São Torcato antigos, proporcionando ao ganadeiro honras (merecidas apenas e só por esse exemplar) de volta à praça com cavaleiro e forcado.

Miguel Moura foi o grande triunfador da corrida, mas o triunfo teve um sabor amargo pela perda do seu cavalo «Xarope». O cavaleiro superou com raça e grande profissionalismo toda a tristeza que lhe ia na alma, recebeu carinhosa ovação do público que o apoiou do início ao fim e terminou a primeira actuação em plano superior.

No sexto toiro, o melhor da tarde como já referi, Miguel Moura impôs a sua arte e foi autor de uma lide brilhante, muito mais pela forma como bregou, lidou e rematou as sortes ladeando a um palmo do toiro, do que propriamente pelos momentos de reunir e cravar os ferros. Toureou, lidou, empolgou. «À Moura»! E está tudo dito.

A pequenez e a falta de trapio do primeiro toiro retirou qualquer brilhantismo ao esforçado labor do consagrado Luis Rouxinol. 

No quarto toiro, com mais presença, com apresentação mais saudável, mas mesmo assim transmitindo muito pouco e com investidas pouco claras, algo reservado, o veterano cavaleiro pôde dar mais ares da sua graça, sem contudo conseguir deslumbrar ou alcançar um grande triunfo. Esteve bem, como está sempre, que Rouxinol não sabe estar em meias tintas. Terminou com um bom par de bandarilhas e com a bonita brega que sempre realiza com o cavalo «Douro» – uma lide brindada, com emoção, a Miguel Moura.

Manuel Telles Bastos, o único dos Ribeiro Telles que este ano foi contratado para Coruche, começou aliviado com os compridos a lide do segundo toiro da tarde, que serviu sem complicar, mas endireitou-se depois nos curtos e cravou aplaudidos ferros com a sua marca de bom intérprete do toureio à antiga, o chamado toureio clássico.

No quinto toiro, mais colaborante, mas também com pouca transmissão, Manuel protagonizou uma belíssima actuação, cheia de bonitos e aclamados pormenores de bom toureiro e brega exímia, marcando pelo êxito esta sua passagem pela praça dos Ribeiro Telles – de que esta temporada é o único representante a marcar presença. Manuel brindou esta sua louvável actuação ao tio João Palha Ribeiro Telles, «o Curro Romero português, que era a alegria desta praça».

Como já aqui referi em pormenor, os Forcados Amadores de Coruche realizaram quatro pegas à primeira e duas à terceira, reafirmando a grandeza do grupo, sem dificuldades de maior na primeira das três actuações em solitário que esta temporada protagonizam na sua praça.

Tiago Tavares dirigiu com acerto a corrida, assessorado pelo competente médico veterinário José Luis da Cruz, havendo apenas a lamentar a demora e a indecisão em mandar recolher o terceiro toiro para que se pudesse proceder sem problemas à retirada da arena do cavalo de Miguel Moura que acabara de morrer vítima de síncope fulminante.

Ao início da corrida, guardou-se um minuto de silêncio em memória de Fernando Felismino, antigo forcado do Grupo de Coruche.

A corrida contou com a honrosa presença do presidente da Câmara de Coruche, Francisco Silvestre Oliveira (PS), a quem os forcados brindaram a última pega em reconhecimento pelo apoio que sempre tem dado à tauromaquia – sem complexos, respeitando e honrando as tradições nacionais.

Em suma e depois de tão boas corridas a que temos assistido, esta de ontem em Coruche foi morna, com pouca história e com um regresso amigável dos anunciados toiros de terror que quatro anos antes ali tinham deixado escrita uma triste história jamais esquecida…

Fotos M. Alvarenga


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